Palavras da nossa diretora Luciana Tabach Jafif:
Um dos maiores desafios do ser humano é saber conviver. Entendemos que a escola é um lugar privilegiado para o desenvolvimento dessa habilidade, tão necessária em tempos modernos.
Família, amigos, profissionais, comunidade, regiões, povos e países. Dos pequenos núcleos a relações mais ambiciosas, a convivência harmônica, pacífica e agregadora tão desejada, nem sempre é algo natural e orgânico. Muitas vezes, é preciso provocar a reflexão, fazer esforços para que se trilhe um caminho de respeito para uma convivência saudável e feliz.
Por essa razão, em 2022, escolhemos como fio condutor do nosso trabalho pedagógico o tema CONVIVÊNCIA: SER, FAZER E ACONTECER.
Nossas reflexões e provocações partem do contexto no qual estamos inseridos e da necessidade que percebemos em nossa sociedade. Procuramos, então, gerar uma transformação interna, que começa em nossa comunidade escolar e visa a ações de mudanças mais amplas. Do micro ao macro, sem perder de vista a essência.
A pandemia iniciada em 2020, com seu isolamento social e inúmeras restrições, trouxe consigo uma outra perspectiva sobre a vida, os relacionamentos e a convivência. Respeitar o momento e o espaço de cada um, bem como tentar se colocar no lugar do outro, de uma forma abrangente, empática e significativa fazem parte da transformação que queremos ajudar a construir.
Isso nos leva a questionamentos e debates que vão se aprofundando de acordo com o amadurecimento do nosso aluno, em cada etapa escolar. As formas de relacionamento e o olhar também vão se modificando à medida que eles crescem.
São muitas perguntas. Por isso, queremos mergulhar, juntamente com nossos alunos e professores, na busca pelas respostas, na construção de hipóteses e na proposta de soluções para esses questionamentos. Estamos seguros de que qualquer processo de mudança começa com a conscientização. Por que países entram em guerra em pleno século XXI com tantas possibilidades de diálogo? Por que as minorias são agredidas e excluídas ainda nos dias de hoje, quando nunca se falou tanto em tolerância? Por que alguns países boicotam os produtos israelenses? Você já parou para pensar “E se fosse comigo?” E se fosse com alguém que você ama? Fake news e cyberbullying: como essas práticas influenciam e prejudicam, desde relações internacionais a colegas de turma? O racismo é reflexo da ignorância? E a corrupção, como anda esse índice no Brasil e no mundo? De que modo os diferentes países lidam com isso, e como essas resoluções afetam a convivência entre as pessoas?
Para o pensador grego Sócrates, de Atenas, V a.C., a arte da boa convivência começa pelo autoconhecimento: ‘Conhece-te a ti mesmo!’ dizia a inscrição no pórtico do templo de Delphos. Uma premissa que dialoga diretamente com as fontes judaicas.
O versículo “im ein ani li mi li, ve im ani rak li az mi ani” - Se eu não for por mim, quem será; e se eu for só pra mim, quem sou eu? - (Pirkei avot, Perek 1 mishna 14) nos mostra o quanto é importante fortalecer a autoestima, perceber seu próprio valor, sendo esse o primeiro passo para que se possa, de fato e genuinamente, admirar e respeitar o outro. Ao passo que, para vivermos em sociedade, precisamos pensar para além de nós mesmos, partindo do eu e extrapolando essa fronteira, de modo altruísta e generoso, que não é tão óbvio assim, mas pode e precisa ser treinado, educado, até se tornar uma prática, um modo de viver. Como diz o versículo, se eu for apenas para mim, se eu pensar somente em mim, o que isso me torna? Entendemos que precisamos fortalecer nossos alunos de modo que cada um tenha convicção de suas qualidades e saiba, no mundo de hoje, se posicionar com firmeza, baseando-se nos seus valores. Estamos sempre aprendendo e evoluindo, acertamos e erramos, porque somos humanos. É parte de nossa aprendizagem. Dessa forma, construímos quem somos.
Uma das missões que temos nesse mundo, como parte da missão do povo judeu, é de ser luz para os povos: or la goim. Luz dentro do nosso povo e para todos os outros povos também. Ser luz, é ser exemplo, é ser inspiração.
Assim, também, o conceito de Ahavat Israel, que significa que devemos amar ao próximo, simplesmente pelo fato de sermos irmãos. Esse amor, em nossa escola, será traduzido em atitudes, como tratar bem, ser cordial, não falar mal, procurar incluir e não excluir, agradecer, se desculpar, não julgar.
Essa é nossa proposta para 2022, realizar, com nossos alunos e comunidade escolar, uma reflexão crítica acerca da convivência humana, questionando modelos, propondo soluções, desenvolvendo habilidades e competências, em todos os segmentos, construindo pontes que nos unam e nos permitam chegar aonde desejamos. Com a integração dos componentes curriculares, de Geografia a Matemática, de Tanach a Biologia, Artes, História, perpassando por todos os demais, agregamos conhecimento de todas as áreas e proporcionamos uma visão ampla sobre o tema. E é esse ambiente que nossa equipe pretende fazer acontecer pelos corredores da escola. Que tenhamos um ano de 2022 produtivo, de muita saúde, amizades, aprendizagens, respeito e conquistas para os nossos alunos, para a família Liessin, para Israel e para o mundo.
Vamos ser, vamos fazer e vamos acontecer juntos!